sexta-feira, 5 de agosto de 2011

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As mães e a violência urbana

Este post não é alegre. Não engraçado. Não é leve. Mas é verdadeiro.
Este post vai falar de um assunto triste e que faz parte de nossas vidas: a violência urbana. Não é um assunto gostoso de tratar, mas – francamente – recuso-me a fechar os olhos para isso tudo. Recuso-me a simplesmente ignorar a dor de quem tem um ente querido atingido por essa praga moderna. Recuso-me, principalmente, a fechar os olhos diante da dor de uma mãe que vê a violência urbana lançar-se sobre o seu bem mais precioso: seu filho.
E é por isso que hoje dou voz, aqui no blog, a uma amiga – Luciana Tognolli – que precisou encarar de frente a situação:
Quando eles crescem
Uma amiga acaba de me contar que o pequeno dela, com seis aninhos, embarcou para a primeira viagem sem o pai e a mãe. Imagino aqueles olhinhos inquietos descobrindo o mundo sem a vigilância materna, a surpresa dela ao descobrir que ele se vira muito bem, os telefonemas contando de cada passeio.
Passo longe dessa época. Com 21 anos, meu filho já se vira sem mim faz tempo, já viajou muitas vezes, pretende morar sozinho. Nada mais daquele corpinho rechonchudo: é um homem lindo e só um leve rosado nas bochechas lembra a infância.
Eu jurava já saber que inevitavelmente os filhos vão para o mundo, mas descobri que há coisas que nunca vão mudar, tenham eles a idade que tiverem. Uma delas me pegou no início de uma madrugada. Lá pelo segundo sono acordei com ele chamando para contar que a poucos quarteirões de casa dois marginais numa moto o abordaram. Atrás de celular e dinheiro, se irritaram por ele correr e esmurraram seu rosto, chutaram sua perna, bateram sua cabeça no chão. O tom do relato era de quem passou pelo inevitável a que todos estamos sujeitos. Meu horror surgia por constatar a vulnerabilidade, e a angústia foi tomando outra forma com o passar da noite.
A madrugada foi longa. Velar o sono dele me parecia tão natural e necessário quanto na época das fraldas, das febres, dos pesadelos e de minhas intermináveis reflexões à beira da cama. Minha mente repassava o acontecido e o que eu sentia era muito mais que raiva, revolta, preocupação. O rostinho que tantas vezes tive entre as mãos, a cabecinha de que tanto cuidei até que ficasse firme, o corpinho que recebeu vacinas tentando afastar o perigo das doenças eram os mesmos que um delinquente qualquer resolveu agora violar. Veio a sensação de que integridade física é algo ilusório, já que só existe até que um outro decida esmagá-la.
Pensei no quanto, o passar de cada ano até aqui, foi determinante em sua capacidade de lidar com a experiência. Senti orgulho por ele ser forte. Senti pavor por ver a vida tão preciosa à mercê da selvageria do mundo.
De novo, eu estava a refletir à beira da cama pedindo a anjos da guarda que protegessem cada passo do menino que cresceu, mas continua a ser meu filho.


Hoje quero pedir às mamães, leitoras deste blog, que gastem um minuto do seu dia para, simplesmente, pedir a Deus que olhe por nós e por nossos filhos. E que nos livre dessa dor. Nossos bebês não estarão para sempre protegidos por nossos braços, mas o estarão pelos braços do Pai.
À Luciana, agradeço por ter compartilhado conosco a sua dor e a sua força. Obrigada, querida!
Grande beijo,









4 comentários:

  1. Tati...muito triste mesmo tudo isso. Mas como você mesma disse, precisamos pedir muito a Deus para que proteja nossos pequenos...e nos dê sabedoria para que possamos educá-los para serem pessoas de bem!!

    bjo

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  2. Puxa, realmente muito triste. Temos mesmo que confiar em Deus para guardar nossos filhotes...

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  3. hj em dia só Deus msmo para livrar nossos eternos bebes, pq nem segurança da conta.

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  4. Ai Tati, rezo todas as noites pedindo a Deus proteção para meu pequeno, só Ele mesmo para nos proteger nesse mundo caótico que vivemos.

    Beijos!!!

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